Tertúlia Literária
Implantado pela primeira vez no ano de 2009, este projeto de extensão articula-se com ações desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Infância e Educação Infantil – NEPEI e pelo Centro de Alfabetização, leitura e escrita – CEALE da Faculdade de Educação da UFMG. Destina-se a professores em exercício de escolas públicas e privadas que atuam com crianças entre 0 e 10 anos da Região Metropolitana de Belo Horizonte e alunos dos cursos de licenciatura em pedagogia.
Pretende-se, por meio deste projeto, constituir um espaço de análise e discussão sobre textos literáriosassegurando aos leitores momentos de fruição e de apreciação literária, contribuindo para a formação do professor como leitor de literatura.
A motivação do projeto baseia-se em conclusões expressas nas recentes investigações sobre formação docente e prática pedagógica que apontam para o fato de o professor não ser um leitor e um produtor de textos competente. A despeito da crescente preocupação em abordar-se, nos processos de escolarização, os usos e funções sociais que a língua escrita adquire em diferentes contextos sociais, os estudos vêm indicando a dificuldade de consolidar-se uma prática educativa capaz de responder adequadamente a esse desafio. Uma das questões destacada pelos pesquisadores refere-se à relação que o professor estabelece com a leitura e a escrita na sua vida cotidiana e a maneira como os cursos de formação lidam com essa questão. Observa-se que os professores, nos seus cursos de formação tanto inicial quanto continuada, aprendem a ensinar leitura e escrita, sem, entretanto, se tornarem eles mesmos leitores e produtores de textos.
De uma maneira geral, os futuros docentes copiam, fazem resumos, reproduzem textos e muito menos freqüentemente vivenciam situações que estimulam a autoria e a fruição. (Kramer et all, 2002). Nas salas de aula, o professor reproduz com seus alunos a mesma concepção instrumental em relação à linguagem escrita. A literatura, desde essa perspectiva, é quase sempre empregada como um pretexto para o ensino de conteúdos programáticos e, destituída, assim, da sua dimensão estética. O professor, portanto, na sua formação e, mais tarde, na sua ação profissional, raramente faz uso da leitura e da escrita como atividades que implicam um intenso movimento intelectual. Movimento este que demanda dos usuários do sistema de escrita as capacidades de selecionar, utilizar e modificar os conhecimentos.
Para que a relação entre crianças e textos literários seja mediatizada de forma competente e adequada, os professores devem ser, eles mesmos, leitores proficientes e, sobretudo, participantes ativos da cultura letrada. É nesta perspectiva, que este projeto de extensão se insere. Além de estimular a formação do professor como um leitor de literatura, concebe a prática da leitura literária como uma atividade propícia ao estabelecimento de relações inter-subjetivas. Como define Soler (2003), trata-se de uma perspectiva de leitura dialógica a qual requer a ampliação dos espaços de circulação de textos escritos e promova experiências diversificadas entre leitores.